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sábado, 22 de outubro de 2011

O Kangaroo e o nascimento da infantaria blindada - parte I

Base histórica:
O aparecimento dos blindados proporcionou inicialmente apoio à infantaria. Mas com seu desenvolvimento e melhoria tornou-se difícil que esta os acompanhasse o que não permitia a manutenção do terreno conquistado. Com a invenção das armas anti-carro e sua evolução, a relação inicial acabou por tornar-se de apoio mútuo, sendo necessária a colaboração desta para  a eliminação de ameaças nas áreas onde operavam os blindados.

Nesta situação a infantaria ficava bastante exposta e não conseguia acompanhar a velocidade de deslocamento. Portanto começou-se a estudar métodos que proporcionassem proteção e velocidade. 
Foram utilizados numerosos tipos de veículos para que se pudesse alcançar estes objetivos. Aos caminhões faltava a proteção blindada e a capacidade de deslocar-se em qualquer terreno. Desenvolveram-se então veículos mistos os meia-lagarta que tinham melhor proteção e capacidade de deslocamento por terrenos difíceis, mas ainda inferiores aos carros de combate.
Este tipo de veículo teve seu maior desenvolvimento na Alemanha com os modelos Sdkfz 250 e 251 e nos Estados Unidos com os modelos M2 e M3.
Os M3 apesar de inicialmente terem recebido o apelido de "purple heart boxes" (numa referência à condecoração americana por ferimento em combate), tiveram bastante sucesso permanecendo em operação até a guerra do Yom Kippur nas Forças de defesa de Israel (IDF).

Foto: Sdkfz 251.
Fonte: Bundesarchiv.










Foto: Um M3 half-track do Exército Brasileiro.
Fonte: Coleção do autor.















É atribuida a idéia da criação das VBTP (viatura blindada de transporte de pessoal) ao Ten. Gen. Guy Simonds do 1o Exército Canadense, sob o comando do Gen. H. Crerar, como uma forma de diminuir suas perdas já que suas reservas de infantaria eram escassas. Segundo Mason a idéia da infantaria blindada já existia mas não havia sido efetivamente implementada.
Após autorização dos americanos, donos do equipamento, foram retirados os canhões 105 mm. de 102 M7 Priests dos regimentos de artilharia da 3a Div. de Infantaria Canadense e soldadas placas de aço em suas aberturas. Originalmente estes veículos foram chamados de "Padres sem batina" (defrocked priests) depois tomaram a denominação de Kangaroos. Na literatura encontram-se três explicações para o nome: na primeira, Kangaroo seria o código da oficina de campo que realizou as modificações, na segunda, seria o nome da própria operação (Grodzinski) e na terceira uma referência ao animal pelo transporte de seus filhotes na bolsa.
O resultado final foi um veículo sobre lagartas com a blindagem e características de movimento do M4 Sherman que podia transportar 12 soldados.
Foram utilizados pela primeira vez durante a Operação "Totalize" ao sul de Caen em 08 de agosto de 1944. Estes veículos permitiram que a infantaria avançasse rapidamente e desembarcasse a apenas 180 m. de seu ojetivo nas cidades de Cramesnil e Saint-Aignan de Cramesnil.
Os canadenses passaram a seguir a fazer estas modificações em outros veículos como o carro de combate Ram de fabricação própria. Este modelo de Kangaroo (Ram Kangaroo) é mais comum de ser encontrado.




Foto: Um alinhamento de Kangaroos canadenses na operação Totalize.










Foto: Um Ram Kangaroo com seus fuzileiros.
Fonte:  www.stijdbewijs.nl/tanks/sherman/m4eng2.htm
















Uma crítica a todos os modelos citados até aqui era o fato de serem abertos em cima o que facilitava o ataque a guarnição. Isto só seria solucionado com a criação no pós-guerra de  blindados como o M113, o BMP1 entre outros.

Modelo:
O modelo utilizado é o Priest Kangaroo da Italeri. Foram feitas algumas modificações conforme a pesquisa realizada.
Em primeiro lugar os faróis foram reposicionadas de seu local usual no casco do Sherman para o alto do casco, conforme as fotos. Consequentemente é necessário a modificação das guardas dos faróis Placas de blindagem foram adicionadas na frente tendo em vista que a retirada do canhão deixava o atirador da .50 exposto pela sua esquerda.

Foto: O modelo em montagem com a adição da proteção blindada descrita e reposicionamento dos faróis. A placa no local do canhão foi alongada conforme as fotos encontradas durante a pesquisa.













As placas de blindagem adicionadas nas laterais também foram modificadas pois embora algumas tenham sido colocadas com dobradiças muitas foram apenas fixadas tendo em vista que os fuzileiros desembarcavam preferencialmente pela traseira do veículo.


Foto: O modelo já com as guardas dos faróis e as placas laterais. Note-se que a placa esquerda foi retrabalhada, apresentando uma indentação como a da foto do carro real. Uma primeira mão de tinta já foi aplicada.













A pintura foi realizada com a tinta Khaki drab da Tamiya (XF-51).



Obras consultadas:
Grodzinski, John R. "Kangaroos at war" The history of 1st Canadian Armored Personnel Carrier regiment. Canadian Military History, vol 4. number 2. 1995.
Gudmundson, Bruce I. On armor. London. Praeger. 2004.
Johnson, Kevin. It came from Canada. Military in scale. mar 2002, 20-22.
Mason, David. Normandia. Rio de Janeiro. Renes 1972.
www.canadiankangaroos.ca
www.wikipedia.org/wiki/kangaroo_APC
www.wikipedia.org/wiki/Operation_Totalize

domingo, 2 de outubro de 2011

Obuseiro auto-propulsado M8 (M8 howitzer motor carriage)

 Base histórica:
A guerra mecanizada adicionou mobilidade ao campo de batalha, obrigando as várias armas a se adaptarem a novas necessidades. É o caso da artilharia que se viu obrigada a acompanhar  as outras armas para cumprir suas missões seja na defesa anti-aérea, anti-carro ou na artilharia de campanha.
A partir desta premissa, foi procurada a conjugação desta com os blindados como forma de acompanhar o movimento, mas também proporcionar proteção visto que esta também estaria mais exposta ao inimigo. Todos os exércitos procuraram desenvolver estes armamentos, usando para isso chassis/cascos de blindados já existentes. O limitador do canhão/obuseiro transportado era o tamanho do casco, surgindo então blindados de artilharia auto-propulsada de vários calibres e funções.

O M8 é um obuseiro auto-propulsado de topo aberto baseado no casco do carro de combate leve M5 Stuart. Era dotado de um obuseiro M2/M3 de 75mm cujo tubo curto lhe conferia um aspecto bastante característico. Quando montado no casco do M5A1 era chamado de M8A1.
Encontram-se também referências onde é chamado de T47 ou M8 Scott.
A ordem de sua produção data de abril de 1942 mas a produção efetivamente começou em setembro de 1942 extendendo-se até janeiro de 1944 com um total de 1778 veículos produzidos.
M8A1 do 106th Cavalry Recon Group na Europa ocidental














Entrou em serviço com o Exército Americano nos teatros de operações da Itália, Europa Ocidental e Pacífico. Foi usado pelos franceses da 2a Guerra Mundial até a 1a Campanha da Indochina.

Um M8A1 francês entrando em Paris em 1944.

























Por tratar-se de um veículo leve e rápido, podendo desenvolver 58 km/h (36 mph), normalmente acompanhava Undades de Reconhecimento e/ou Pelotões de Assalto. Ellis refere que era comumente usado nas Companhias de de Comando de Batalhões de Tanques (CC).

Modelo:
O modelo (M8A1) utilizado é o da Tamiya, construído sem grandes modificações. Sua pintura foi feita com a Model Master green drab. Foram aplicados washes de Tamiya flat earth (XF-52) para dar ao modelo uma aparência empoeirada.
Os trens (equipamentos) utilizados são peças de resina e madeira (balsa) de minha própria fabricação.








































Obras consultadas:
Elis, Chris. The great tanks: New York: Hamlyn, 1975.
Gudmundson, Bruce I. On armor.London. Praeger. 2004
www.olive-drab.com
www. usarmymodels.com
www.wikipedia.org/wiki/Howitzer_Motor_Carriage_M8
Zaloga, S. Stuart U. S. light tank in action: Carrolton: Squadron/Signal, 1979.