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sábado, 20 de setembro de 2014

Crusader - tanque cruzador

Introdução:

Embora muitas nações reivindiquem a criação do tanque foram os ingleses sem dúvida alguma que o colocaram no campo de batalha, seguido por franceses e alemães.
Logo surgiram as téticas relacionadas a seu uso e dois conceitos que dominariam o desenho inglês por quase 3 décadas. O tanque de infantaria (infantry tank) e o tanque cruzador (cruiser tank).
O tanque de infantaria era um veículo pesado com grande blindagem destinado a dar apoio aproximado a infantaria o que os tornava mais lentos. O exemplo deste tipo de tanque é o Matilda II.


Foto: O Matilda II no deserto.













Já no cruzador a ênfase estava na sua velocidade o que exigia uma blindagem mais fina. Estes tanques operavam em unidades independentes. O exemplo deste tanque é o Crusader.

Foto: O Crusader no deserto ocidental.





















Base histórica:

O Crusader foi desenvolvido como um cruzador pesado para suceder o Covenanter, um desenho que precedia o início da segunda guerra e era totalmente inadequado para o combate, devido a incapacidade de ser aumentada sua blindagem e poder de fogo, o que aumentaria seu peso e prejudicaria a a suspensão. Os Covenanters continuaram sendo produzidos após o advento do Crusader, mas foram relegados ao papel de treinamento.


Foto: O Covenanter. Note-se as 4 rodas de apoio no lugar das 5 do Crusader e o deck traseiro curto.


















O Crusader foi construído por um consórcio liderado pela Nuffield Mechanisation Ltd. O desenho lembrava o do Covenanter (inclusive usando a mesma torre) porém com mais uma roda de apoio e um deck traseiro maior que acomodava um motor Nuffield Liberty de 12 cilindro à gasolina, que era basicamente o mesmo motor usado em aviação na primeira guerra apenas com a redução de potência de 400 hp para 340 hp. Este motor dava ao Crusader uma velocidade que chegava a 64 km/h o que o tornava o mais rápido tanque em serviço no deserto ocidental.
























O batismo de fogo do Crusader ocorreu com o 6o RTR (Royal Tank Regiment) na Operação Batleaxe, no deserto ocidental, realizada na tentativa de quebrar o cerco a Tobruk em junho de 1941. Os britânicos foram derrotados perdendo 91 tanques contra 12 alemães.Vale a pena comentar sobre esta discrepância que mais Crusaders foram perdidos por problemas mecânicos do que destruídos em combate. Mas estes apresentaram uma tendência a incendiarem-se quando atingidos, inicialmente atribuído a seu motor a gasolina mas depois se verificou que o acondicionamento da munição a deixava exposta a incendiar-se.

Os tipos do Crusader mark I, II e III podem ser identificados da seguinte forma:
A identificação entre os Mark I e II não deve ser feita com base na pequena torre com a metralhadora Bersa no casco à esquerda, existem muitas variações (com e sem a torre) dentro do mesmo modelo.O Mark II é uma versão com maior blindagem do Mark I, e sua identificação muito difícil já que pouquissimas diferenças existem.

O Mark III possuia um canhão de 6 libras e a escotilha do comandante era composta por duas partes abrindo para a lateral. A frente da torre era totalmente  plana.

Quando da invasão da Europa já encontrava-se obsoleto sendo relegado ao papel de trator blindado anti-aéreo entre outros.

Foto: O Crusader convertido em blindado anti-aéreo com um canhão de 40mm Bofors.













Modelo:
O modelo usado é o velho Italeri construído sem grandes modificações. Pintado em esquema sólido com a tinta Sand da Model Masters. O wheathering foi basicamente composto de um pin wash de burnt umber (óleo) e algumas marcas de escorrido.
O maior detalhamento foi a colocação de vários trens como caixas, lonas e mochilas, material usado no deserto para bivaque.
Outro ponto importante foi a adição de capacetes pendurados no exterior do tanque. Segundo Widrow os capacetes ingleses mais atrapalhavam que protegiam dentro do tanque devido a sua forma portanto era comum serem pendurados no exterior do tanque. Uma característica dos blindados ingleses no deserto (vide fotos anteriores).

Foto: O modelo já com os trens mencionados.
















Referências:


Fletcher, David. Crusader and Covenanter cruiser tanks 1939-45. Oxford. Osprey. 1995.
Foss, Christopher E. The illustrated encyclopedia of world's tanks and fighting vehicles. London. Salamander books.  1977.
Gudmundson, Bruce I. On armor. London. Praeger. 2004.
Macksey, Kenneth. Blindados aliados. Rio de Janeiro. Rennes. 1976.
Macksey, Kenneth & Batchelor, John H. Tank. A history of the armoured fighting vehicle. New York. Ballantine. 1976.
Windrow, Martin. World war 2 combat uniforms and insignia. Warren. Squadron/Signal. 1977

domingo, 9 de fevereiro de 2014

M-577 ambulância (ambulâncias no campo de batalha - 1)

Introdução:

Conservar efetivos é uma preocupação primordial de qualquer força armada em campanha, não só pela questão do número de combatentes mas também por uma questão psicológica de que uma vez ferido o indivíduo terá chance de ser evacuado e receber tratamento adequado.
Desde que os primeiros elementos de saúde passaram a acompanhar os exércitos em campanha notou-se um aumento da sobrevida dos combatentes. Com a evolução da guerra e da medicina o panorama da prestação de assistência mudou ao longo dos tempos.
A mecanização do combate criou a necessidade de meios que acompanhassem a velocidade e mobilidade das tropas ao mesmo tempo alongando as distâncias até instalações médicas mais bem aparelhadas.

Foto: Um M-113 atravessando terreno difícil. Acompanhar tropas nessas condições requer veículos com igual mobilidade, algumas vezes sobre lagartas. (Foto de André Monteiro).














Base histórica:
Desde a segunda guerra mundial começou-se a usar veículos blindados para transportar pessoal de saúde e feridos, isto proporcionava alguma proteção aos dois grupos em relação ao fogo do combate. Porém mesmo estes veículos eram algumas vezes vítimas deste fogo como no caso do M3 half-track do médico do 4o. CLY, um dos primeiros veículos a ser atingido pelo grupo de Michael Wittman na batalha por Villers-Bocage em 1944 na normandia.

O M-577 é uma variante do M-113 produzido pela FMC como posto de comando móvel. Suas difrerenças externas em relação ao M-113 são um compartimento destinado aos fuzileiros mais alto e um gerador colocado externamente ao lado da escotilha do motorista.

A altura do M-577 fazia com que este fosse muito mais adaptável ao socorro em campo de combate do que o M-113 regular, pois além de permitir o transporte de maior número de feridos, permitia que a tripulação ficasse de pé no seu interior o que facilitava o manejo destes feridos. A grande rampa traseira também facilitava a entrada e saída destes do veículo.
Seu interior foi adaptado para o transporte de até seis macas em racks nas laterais, ao invés das mesas características do M-577 posto de comando. Estes veículos receberam a denominação de "Field aid stations".
A principal modificação externa foi a colocação de um suporte para uma M-60 ou Browning M2 .50 na escotilha superior para prover proteção ao veículo.
Quando procuramos referências fotográficas sobre o M-577 Field aid station, encontramos fotos de principalmente duas unidades o 3/5cavalry "Black knights"da 9th Infantry Division "Old reliables" e do 11th ACR (Armored cavalry regiment).
A 9th Infantry Division  foi criada como 9th Division na 1a Guerra Mundial, mas só foi utilizada na 2a Guerra e no Vietnam. Foi desativada em 1991.
Já o 11th ACR foi constituído em 2 de fevereiro de 1901 como 11th Cavalry Regiment e teve participação nas guerras Filipino-americana, 2a Guerra Mundial, Vietnam, Operação Desert storm e Operação Iraqi freedom. Cumpriu missões também durante a Guerra fria.
O 11th ACR serve também de força opositora para treinamento do Exército americano, Fuzileiros navais e Guarda nacional.
Em 1968 no Vietnam era comandado pelo Coronel George S. Patton (filho do Gen. George Patton).
Nesta campanha foi dada ênfase no uso do M-113 em um ambiente de contra-insurgência. O 11th ACR realizou as chamadas missões "search and destroy" (reconaissance in force).
Esta foi a unidade escolhida como base para o modelo devido a este histórico.

Foto: Um M-577 Field Aid Station do 11th ACR no Vietnam.















Modelo:
O modelo escolhido é o da Tamiya, construído com as modificações do suporte para metralhadora descrito e a opção da escotilha superior aberta o que significou a construção do fecho e da alça interna da escotilha.


Foto: A montagem básica do modelo ainda sem as modicações propostas.



Foto: As modificações descrita na parte superior do modelo.



















Por questão de disponibilidade usei uma Browning M2 .50 e não a M-60. As únicas fotos que encontrei desta arma nos M-577 são da excelente coleção de Jerzy Krzeminki no Flickr.
A pintura escolhida foi o olive drab sólido (Revell 46). Neste modelo iniciei uma nova técnica que foi a pintura dos anéis de borracha das rodas de apoio com canetas da marca POSCA, o que facilitou sobremaneira o trabalho (www.posca.com.br).

Foi adicionada a cruz vermelha em suas laterais como visto nas fotos de referência e algum material que o identifique como ambulância como as macas e trens diversos.




Referências:
Foss, Christopher E. The illustrated encyclopedia of world's tanks and fighting vehicles. London. Salamander books.  1977.
https://en.wikipedia.org/wiki/M113_armored_personnel_carrier
http://www.flickr.com/photos/zippo132  (Coleção de fotos de  Jerzy Krzeminki)