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sábado, 10 de dezembro de 2011

O M3 Lee

Base histórica:

No início da Segunda Guerra Mundial, o arsenal blindado dos EUA constituía-se principalmente de carros de combate leves M2, dotados de canhões de 37 mm e carros de combate médios também chamados de M2, com o mesmo canhão.

 Foto: Um M2 (médio) no Campo de Provas de Aberdeen
Fonte: www.wikipedia.org













Os combates ocorridos na Europa mostravam que o carro médio M2 era insuficientemente armado e blindado para enfrentar os blindados alemães como o Pzkpfw III e o Pzkpfw IV.
Os americanos iniciaram então o desenvolvimento de carros de combate médios armados com canhões de 75 mm que pudessem disparar munições perfurantes ou de alto-explosivo, montados em torres com giro de 360 graus. Este carro seria no futuro o M4 Sherman.
Neste interim, havia uma premência da fabricação de um carro dotado de um canhão de 75 mm que pudesse suprir a grande demanda de carros de combate que se vislumbrava na Europa. Foi então proposta a modificação dos M2 médios de forma que recebessem o canhão de 75 mm em seu casco, com giro limitado, pois ainda não havia uma torre compatível com este. Era uma solução à semelhança do Char B francês e do primeiro modelo do Churchill inglês. Foi previsto também o aumento de sua blindagem.
Este novo carro de combate foi designado M3 Lee e além do canhào de 75 mm montado do lado direito do casco (o que lhe conferia um um aspecto característico de assimetria do casco), com giro limitado, possuia uma torre dotada de um canhào de 37 mm, com giro completo, montada excenticamente sobre o casco à esquerda e sobre esta uma pequena torreta para o comandante com uma metralhadora .30. Sua tripulação era composta por 6 homens.



Foto: Um M3A2, com seu casco soldado
Fonte: www.panzertaktik.de















Como o M2, o M3 Lee apresentava uma silhueta alta, o que lhe era desvantajoso. Outra desvantagem era o giro reduzido do canhão de 75 mm. Em algumas versões foi usado um canhão mais curto (algumas vezes com um contra-peso em sua boca) o que lhe diminuia a pressão e a efetividade como arma anti-carro. A adoção de um canhão mais longo solucionou este problema. Seu casco originalmente era rebitado o que causava vários problemas, da resistência à danos até ao aumento de seu peso. O motor usado era um motor radial para aviões Wright R975 EC2 de 9 cilindros, refrigerado à ar.


 Foto: A traseira de um M3 sem sua cúpola. Note-se que a placa traseira é alta e existem duas portas de acesso ao motor.
Fonte: www.wikipedia.org














Ao longo da guerra foram desenvolvidas outras versões tentando corrigir problemas e efetuando melhorias. Surgiram versões subsequentes como o M3A1 cujo casco era totalmente moldado e arredondado.
O  M3A2 com o casco original , mas soldado ao invés de rebitado.
O M3A3 que era dotado de dois motores diesel General Motors o que modificou sua traseira eliminando as portas de acesso ao motor e aumentando a placa traseira para abaixo das lagartas, sua principal diferença em relação ao modelo M3A2.
O M3A4 que era uma versão extendida do M3 original.
O M3A5 com a mesma descrição do M3A3 porém com casco rebitado.
Outras versões dignas de nota são o M31, um blindado de socorro e o CDL (canal defense light) montado pelos ingleses a partir do casco do M3.
O M3 Lee entrou em combate inicialmente com os países aliados que o receberam pelo "Lend-lease act", em especial União Soviética, Inglaterra e Austrália.
Cabe aqui uma referência sobre o seu uso pelos ingleses. Já combatendo contra os alemães desde 1939, os ingleses pediram uma série de alterações na construção do M3 para seu uso no deserto, o resultado foi um carro bastante diferente usado apenas pela Inglaterra e integrantes da Commonwealth que foi denominado Grant. Porém a necessidade de blindados era tamanha que os ingleses também receberam o M3 Lee.
A primeira operação de que os M3 participaram foi na batalha de Gazala, em maio de 1942, onde provaram seu valor em combate, sendo superiores a todos os carros alemães e italianos exceto ao Pzkpfw IV armado com canhão longo. Os canhões anti-carro alemães antes relativamente imunes aos carros de combate ingleses, também passaram a estar em perigo devido as munições de alto-explosivo que  o canhão de 75 mm podia disparar.
Uma modificação de campo interessante foi a colocação de tela sobre o compartimento do motor para evitar a colocação de cargas magnéticas, usada no extremo orinete, como na Birmânia.
Apesar de um carro interino, o Lee combateu até 1944, nos teatros da Europa oriental, Africa, Pacífico e Extremo Oriente. A primeira destruição de um carro inimigo por soldados americanos foi feita por um Lee nas Filipinas.


No Brasil:
Como os demais países durante a Segunda Guerra Mundial, o Brasil recebeu conforme o Lend-lease act 104  Lees dos modelos M3A3 e M3A5 (Bastos). Um exemplo destes carros é o M3A3 dotado de contra-peso em seu canhão, que se encontra em frente ao 13o RCMec (antigo 2o RCC) em Pirassununga, São Paulo.
Cabe aqui uma ressalva de nomenclatura. O M3A5 era conhecido pelos ingleses como Grant II, mas essencialmente um Lee, portanto a referência de que o Exercito Brasileiro tenha usado Grants não é de todo correta.

Modelo:
O modelo usado é o antigo modelo de Lee da Tamiya. Apesar de denominado mk I, o modelo corresponde a um M3A5, devido a sua traseira com placa longa e a ausência das portas de acesso ao motor.
A pintura foi feita com o Olive brab da Tamiya (XF-62 )

Foto: O modelo já pintado, com alguns detalhes de wheathering aplicados.












 Foto: A placa traseir alongada do M3A5, nota-se a ausência das portas de acesso ao motor, conforme descrito.















Obras consultadas:
Ellis, Chris. The great tanks. London. Hamlyn. 1975.
Bastos, Expedito Carlos Stephani. Blindados no Brasil. São Paullo. Taller. 2011.
Foss, Christopher E. The illustrated encyclopedia of world's tanks and fighting vehicles. London. Salamander books.  1977.
Mesko, Jim. M3 Lee/Grant in action. Carrollton. Squadron/Signal. 1995.
www.wikipedia.org/wiki/M3_Lee

sábado, 22 de outubro de 2011

O Kangaroo e o nascimento da infantaria blindada - parte I

Base histórica:
O aparecimento dos blindados proporcionou inicialmente apoio à infantaria. Mas com seu desenvolvimento e melhoria tornou-se difícil que esta os acompanhasse o que não permitia a manutenção do terreno conquistado. Com a invenção das armas anti-carro e sua evolução, a relação inicial acabou por tornar-se de apoio mútuo, sendo necessária a colaboração desta para  a eliminação de ameaças nas áreas onde operavam os blindados.

Nesta situação a infantaria ficava bastante exposta e não conseguia acompanhar a velocidade de deslocamento. Portanto começou-se a estudar métodos que proporcionassem proteção e velocidade. 
Foram utilizados numerosos tipos de veículos para que se pudesse alcançar estes objetivos. Aos caminhões faltava a proteção blindada e a capacidade de deslocar-se em qualquer terreno. Desenvolveram-se então veículos mistos os meia-lagarta que tinham melhor proteção e capacidade de deslocamento por terrenos difíceis, mas ainda inferiores aos carros de combate.
Este tipo de veículo teve seu maior desenvolvimento na Alemanha com os modelos Sdkfz 250 e 251 e nos Estados Unidos com os modelos M2 e M3.
Os M3 apesar de inicialmente terem recebido o apelido de "purple heart boxes" (numa referência à condecoração americana por ferimento em combate), tiveram bastante sucesso permanecendo em operação até a guerra do Yom Kippur nas Forças de defesa de Israel (IDF).

Foto: Sdkfz 251.
Fonte: Bundesarchiv.










Foto: Um M3 half-track do Exército Brasileiro.
Fonte: Coleção do autor.















É atribuida a idéia da criação das VBTP (viatura blindada de transporte de pessoal) ao Ten. Gen. Guy Simonds do 1o Exército Canadense, sob o comando do Gen. H. Crerar, como uma forma de diminuir suas perdas já que suas reservas de infantaria eram escassas. Segundo Mason a idéia da infantaria blindada já existia mas não havia sido efetivamente implementada.
Após autorização dos americanos, donos do equipamento, foram retirados os canhões 105 mm. de 102 M7 Priests dos regimentos de artilharia da 3a Div. de Infantaria Canadense e soldadas placas de aço em suas aberturas. Originalmente estes veículos foram chamados de "Padres sem batina" (defrocked priests) depois tomaram a denominação de Kangaroos. Na literatura encontram-se três explicações para o nome: na primeira, Kangaroo seria o código da oficina de campo que realizou as modificações, na segunda, seria o nome da própria operação (Grodzinski) e na terceira uma referência ao animal pelo transporte de seus filhotes na bolsa.
O resultado final foi um veículo sobre lagartas com a blindagem e características de movimento do M4 Sherman que podia transportar 12 soldados.
Foram utilizados pela primeira vez durante a Operação "Totalize" ao sul de Caen em 08 de agosto de 1944. Estes veículos permitiram que a infantaria avançasse rapidamente e desembarcasse a apenas 180 m. de seu ojetivo nas cidades de Cramesnil e Saint-Aignan de Cramesnil.
Os canadenses passaram a seguir a fazer estas modificações em outros veículos como o carro de combate Ram de fabricação própria. Este modelo de Kangaroo (Ram Kangaroo) é mais comum de ser encontrado.




Foto: Um alinhamento de Kangaroos canadenses na operação Totalize.










Foto: Um Ram Kangaroo com seus fuzileiros.
Fonte:  www.stijdbewijs.nl/tanks/sherman/m4eng2.htm
















Uma crítica a todos os modelos citados até aqui era o fato de serem abertos em cima o que facilitava o ataque a guarnição. Isto só seria solucionado com a criação no pós-guerra de  blindados como o M113, o BMP1 entre outros.

Modelo:
O modelo utilizado é o Priest Kangaroo da Italeri. Foram feitas algumas modificações conforme a pesquisa realizada.
Em primeiro lugar os faróis foram reposicionadas de seu local usual no casco do Sherman para o alto do casco, conforme as fotos. Consequentemente é necessário a modificação das guardas dos faróis Placas de blindagem foram adicionadas na frente tendo em vista que a retirada do canhão deixava o atirador da .50 exposto pela sua esquerda.

Foto: O modelo em montagem com a adição da proteção blindada descrita e reposicionamento dos faróis. A placa no local do canhão foi alongada conforme as fotos encontradas durante a pesquisa.













As placas de blindagem adicionadas nas laterais também foram modificadas pois embora algumas tenham sido colocadas com dobradiças muitas foram apenas fixadas tendo em vista que os fuzileiros desembarcavam preferencialmente pela traseira do veículo.


Foto: O modelo já com as guardas dos faróis e as placas laterais. Note-se que a placa esquerda foi retrabalhada, apresentando uma indentação como a da foto do carro real. Uma primeira mão de tinta já foi aplicada.













A pintura foi realizada com a tinta Khaki drab da Tamiya (XF-51).



Obras consultadas:
Grodzinski, John R. "Kangaroos at war" The history of 1st Canadian Armored Personnel Carrier regiment. Canadian Military History, vol 4. number 2. 1995.
Gudmundson, Bruce I. On armor. London. Praeger. 2004.
Johnson, Kevin. It came from Canada. Military in scale. mar 2002, 20-22.
Mason, David. Normandia. Rio de Janeiro. Renes 1972.
www.canadiankangaroos.ca
www.wikipedia.org/wiki/kangaroo_APC
www.wikipedia.org/wiki/Operation_Totalize

domingo, 2 de outubro de 2011

Obuseiro auto-propulsado M8 (M8 howitzer motor carriage)

 Base histórica:
A guerra mecanizada adicionou mobilidade ao campo de batalha, obrigando as várias armas a se adaptarem a novas necessidades. É o caso da artilharia que se viu obrigada a acompanhar  as outras armas para cumprir suas missões seja na defesa anti-aérea, anti-carro ou na artilharia de campanha.
A partir desta premissa, foi procurada a conjugação desta com os blindados como forma de acompanhar o movimento, mas também proporcionar proteção visto que esta também estaria mais exposta ao inimigo. Todos os exércitos procuraram desenvolver estes armamentos, usando para isso chassis/cascos de blindados já existentes. O limitador do canhão/obuseiro transportado era o tamanho do casco, surgindo então blindados de artilharia auto-propulsada de vários calibres e funções.

O M8 é um obuseiro auto-propulsado de topo aberto baseado no casco do carro de combate leve M5 Stuart. Era dotado de um obuseiro M2/M3 de 75mm cujo tubo curto lhe conferia um aspecto bastante característico. Quando montado no casco do M5A1 era chamado de M8A1.
Encontram-se também referências onde é chamado de T47 ou M8 Scott.
A ordem de sua produção data de abril de 1942 mas a produção efetivamente começou em setembro de 1942 extendendo-se até janeiro de 1944 com um total de 1778 veículos produzidos.
M8A1 do 106th Cavalry Recon Group na Europa ocidental














Entrou em serviço com o Exército Americano nos teatros de operações da Itália, Europa Ocidental e Pacífico. Foi usado pelos franceses da 2a Guerra Mundial até a 1a Campanha da Indochina.

Um M8A1 francês entrando em Paris em 1944.

























Por tratar-se de um veículo leve e rápido, podendo desenvolver 58 km/h (36 mph), normalmente acompanhava Undades de Reconhecimento e/ou Pelotões de Assalto. Ellis refere que era comumente usado nas Companhias de de Comando de Batalhões de Tanques (CC).

Modelo:
O modelo (M8A1) utilizado é o da Tamiya, construído sem grandes modificações. Sua pintura foi feita com a Model Master green drab. Foram aplicados washes de Tamiya flat earth (XF-52) para dar ao modelo uma aparência empoeirada.
Os trens (equipamentos) utilizados são peças de resina e madeira (balsa) de minha própria fabricação.








































Obras consultadas:
Elis, Chris. The great tanks: New York: Hamlyn, 1975.
Gudmundson, Bruce I. On armor.London. Praeger. 2004
www.olive-drab.com
www. usarmymodels.com
www.wikipedia.org/wiki/Howitzer_Motor_Carriage_M8
Zaloga, S. Stuart U. S. light tank in action: Carrolton: Squadron/Signal, 1979.

domingo, 11 de setembro de 2011

O M-41 Walker Bulldog

O M-41 foi o primeiro carro de combate do pós-guerra adquirido pelo Brasil. Chegando ao País nos anos 60 e permanecendo em atividade até a chegada dos Leopard 1A1 BR e M-60 A3.

Base histórica
O desenvolvimento do M-41 remonta a 1946, na necessidade de se substituir o M-24 Chaffee, e fazer frente aos novos modelos soviéticos. Iniciou-se então o projeto de um carro conhecido como T-37 que teria características de velocidade e mobilidade semelhantes ao M-24 mas com um armamento mais poderoso. Desejava-se também que pudesse ser transportado por avião, o que limitaria seu peso.
Após várias versões de torre chegou-se a um modelo com uma torre mais esguia e um canhão de 76mm, movido por um motor à gasolina Continental de 500hp. Este carro foi redesignado como M-41 e colocado em produção pela Cadillac Motors. O nome Walker Bulldog é uma homenagem ao Gen. Walton Walker, morto em um acidente de jeep na Coréia.


Foto: A linha de produção dos M-41.
Fonte:  The tank journal.











Apesar de bem quisto por suas tripulações apresentava problemas como o alto consumo de combustível, que lhe diminuia o raio de ação, o excessivo barulho de seu motor, a tendência de seu sistema de escapamento ficar avermelhado durante o uso e seu pouco espaço interno.
Vários exemplares foram enviados para a Coréia em 1951 mas não foram usados em grandes ações ficando relegados a missões de reconhecimento devido a reestruturação das divisões americanas. Subtituíram também os M-24 na Europa com a mesma missão.
Em 1969 começou a ser substituído pelo M-551 Sheridan no Exército Americano.


Foto: Um M-41 americano da 3 Div. de Inf. em treinamento na Alemanha.












Foi amplamente utilizado pelo Exército do Vietnam do Sul, substituindo seus M-24 a partir de janeiro de 1965, sendo onde mais entrou em combate e com bastante sucesso.


Foto: Um M-41 do Exército do Vietnam do Sul.












Foto; Um M-41 original no Museu Conde de Linhares.
Fonte: Coleção do autor.









Foto: Detalhe da lateral da torre do M-41 original.
Fonte: Coleção do autor.











No Brasil, após sua chegada passaram a equipar as unidades que utilizavam carros de combate. Ao longo de sua vida útil foram submetidos a uma série de repotencializações (a cargo da firma Bernardini), como a troca do motor a gasolina por um a diesel, o que aumentou sua traseira, e um canhão de 90mm como seu armamento principal.
Além destas modificações sua torre teve sua conformação alterada e foram acrescentadas lançadores de granadas fumigenas. Estas modificações resultaram no M-41C.



Foto: Um M-41C do exército brasileiro no 2o RCC em Pirassununga
Fonte: Coleção do autor.












Foto: Um M-41C exposto no CIBld. em Santa Maria.
Fonte: Coleção do autor.










Foto: Detalhe das caixas nas laterais da torre do M-41C. Notam-se também os lançadores de granadas fumígenas.
Fonte: Coleção do autor.











Modelo:
O modelo em questão é o da Tamiya e foi construído sem grandes modificações, excetuando-se os equipamentos (trens) adicionados. É interessante notar que no M-41 boa parte dos trens vão presos à torre ou na frente (É comum se ver pranchas de madeira em sua frente, travadas nas guardas dos faróis, para impedir a queda deste itens), devido ao comprimento de sua torre que cobre a parte traseira do casco. 
Foi utilizada em sua pintura o olive drab da Tamiya (XF-62), com um wash de Model Masters rust sobre a cobertura dos escapamentos, o que simula perfeitamente o desgaste dos M-41 reais.

























Obras consultadas:
Foss, Christopher E. The illustrated encyclopedia of world's tanks and fighting vehicles. London. Salamander books.  1977.
Mesko, Jim. M-41 Walker Bulldog in action. Carrollton. Squadron/signal. 1991.
Pollard, Spencer. Wanna Walker Bulldog. Military in scale. set 2002, 28-29.
www.wikipedia.org

domingo, 14 de agosto de 2011

Leopard 1 BE (Leopard 1A1 BR) - Parte 1

No final dos anos 90 o Brasil adquiriu seus primeiros carros de combate da família Leopard. Os carros foram comprados da Bélgica que usava um modelo feito especificamente para seu uso (Leopard 1 BE), semelhante ao Leopard alemão do quarto lote. Tenho visto estes carros serem chamados de Leopard 1A1A1 ou 1A1 BR.
Suas principais características são a luva termal envolvendo o canhão L7, a falta da blindagem em aplique, o sistema de mira óptica acompanhado do holofote, um sensor de vento cruzado na torre e uma série de caixas em seu casco.
Posteriormente alguns veículos receberam a blindagem em aplique da Blohm und Voss e outras melhorias, entretanto a maioria foi vendida sem estas.
O Brasil adquiriu uma boa quantidade, mas hoje estão desativados devido a compra dos Leopard 1A5.


O modelo:
Para o modelista é uma excelente oportunidade de construir um carro específico. A conversão pode ser feita a partir do modelo do Leopard 1A5 da Revell (kit no. 03028) ou da Italeri (kit 6481) os quais são rigorosamente iguais. Ambos contêm quase todas as peças necessárias para os dois modelos. As necessárias ao 1A1 BR encontram-se marcadas como peças a não devem ser usadas, mesmo assim algumas outras peças têm de ser produzidas.



Modificações:
Começando pela torre, cole o sistema de mira óptica ao invés da tampas (peças 123 e 124).
Cole os espigões para levantamento da torre (peças 136).
Não há modificações na caixa posterior nem no cesto em sua volta.



 
  Nesta foto vê-se claramente o sistema de mira óptico e o ponto de levantamento da torre (dianteiro).









 


Mesmo detalhe no carro real.
Fonte: Coleção de fotos do autor.















 Visào do ponto de levantamento posterior.











Detalhe do ponto de levantamento posterior.
Fonte: Coleção de fotos do autor.










A peça no. 215 deve ser colocada no topo da torre.





 Detalhe da peça (bastante fina) no centro do topo da torre.










 No carro real, o mesmo instrumento junto aos outros elementos encontrados no topo da torre..
Fonte: Coleção de fotos do autor.








Devido a grande quantidade de detalhes, optei por fazer vários posts a medida que for montando o carro.



Obras consultadas:
Jerchel, Michael & Sarson, Peter. Leopard 1 Main battle Tank 1965-1995. London. Osprey. 1995.
Scheibert, Michael. The Leopard - family. West Chester. Schiffer. 1989.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

O Renault FT 17 - Primeiro carro de combate do Brasil

Embora não possua este modelo achei por bem postar este artigo 
como homenagem aos 90 anos da chegada dos blindados ao Brasil.


O Renault FT 17 é um marco na história dos blindados. Foi o primeiro carro de combate a  receber uma torre com 360 graus de giro no topo de seu casco. Este formato conjugado a posição do motorista à frente e o motor na parte traseira do casco seria adotado na maioria dos carros e persiste até os dias de hoje. O historiador S. Zaloga o considera o primeiro carro de combate moderno e foi usado da primeira guerra mundial até a primeira guerra árabe-israelense.
Além das características já citadas o Renault FT possui uma tripulação de dois homens, peso de 6,5 t. e é acionado por um motor de 4 cilindros à gasolina. Apresentava também uma característica cauda metálica que lhe facilitava a transposição de trincheiras.
Seu desenvolvimento se iniciou em maio de 1916, devido à necessidade de um blindado pequeno fácil de produzir e barato, capaz de transportar uma metralhadora, para compensar as dificuldades de produção dos blindados existentes na França naquele momento,  o St. Chamond e o Schneider.
Após um encontro com o futuro Gen. Estienne, Louis Renault, o fabricante de carros que não havia se interessado nos projetos de carros de combate médios, desta vez mostrou interesse no projeto de um carro de combate leve e concordou com o estudo deste veículo sob a direção de um de seus engenheiros Charles-Edmond Serre.
O primeiro protótipo em madeira ficou pronto em outubro de 1916 e em dezembro outro mais refinado sendo feito um pedido inicial de 100 unidades A partir daí recebeu a designação de FT que é simplesmente um código de designação dado em ordem sequencial aos produtos da Renault.
Enfrentou algum antagonismo até sua aceitação.
O modelo sofreu vários melhoramentos durante a guerra. O mais chamativo é o relacionado a sua torre e armamento, originalmente designado char mitrailleur possuia uma torre moldada redonda e levava uma metralhadora Hotchkiss de 8 mm. Houve mais duas versões de torre uma octogonal rebitada também chamada de torre Berliet e uma redonda e rebitada chamada de torre Girod. Ambas podiam ser equipadas com a Hotchkiss ou com um canhão Puteaux SA 18 de 37 mm. /L21 (vinte e um calibres de comprimento de tubo). Porém alguns problemas persistiram durante toda a guerra como a correia do ventilador de seu sistema de arrefecimento.
Outras versões surgiram como um equipado com um obuseiro de 75 mm. e uma versão produzida nos EUA com pequenas diferenças.

Em 1921 chegaram ao Brasil seus primeiros carros de combate, 12 Renaults FT 17, iniciando-se assim a história dos blindados no Exército Brasileiro. Parabéns a todos que com eles trabalharam e ainda trabalham.



O FT 17 no Bovington Tank Museum. Note-se a torre original moldada com seu topo obliquo.
Fonte: www.wikipedia.org










O FT 17 no Museu Conde de Linhares, com a torre Berliet.
Fonte: www.wikipedia.org


FT 17 com a torre Girod ecanhão 37 mm. no Centro de Instrução de Blindados do Exército. Aguardando restauração
Fonte: Coleção de fotos do autor






Detalhes da Torre Girod

Fonte: Coleção de fotos do autor





Detalhes da torre Girod
Fonte: Coleção de fotos do autor










Parte dianteira da suspensão mostrando a roda de madeira.
Fonte: Coleção de fotos do autor






Parte traseira da suspensão e casco. Nota-se ainda a ausência da cauda que o ajudava a cruzar trincheiras.
Fonte: Coleção de fotos do autor


















Foto: O mesmo FT 17 já restaurado, com sua pintura e emblemas originais.

Fonte: Coleção de fotos do autor.














Obras consultadas

Foss, Christopher E. The illustrated encyclopedia of world's tanks and fighting vehicles. London. Salamander books.  1977.
Gudmundson, Bruce I. On armor.Lonndon. Praeger. 2004.
http://en.wikipedia.org/wiki/Renault_FT
Macksey, Kenneth. Tank. Toronto. Ballantine Books. 1971.
Smith, Uri. Tanks & weapons of World War I. Turnhout. BPC Publishing. 1973.
Zaloga, Steven. French tanks of wolrd war I. Oxford. Osprey. 2010.

Última atualização: 11/01/12

sábado, 23 de julho de 2011

Os T-62 da Síria

Este é um projeto de conversão fácil a partir do T-62 da Tamiya que torna o carro bastante específico com pouco trabalho de bancada e uma pintura mais interessante que o verde da URSS.

Base histórica:


Desde a guerra do Yom Kyppur em outubro de 1973 a Síria vem usando os T-62 russos. Naquela guerra eles equipavam apenas algumas das formações blindadas Sírias, sendo menos comuns que os T-55. Manteve-se em serviço desde então inclusive nas intervenções no sul do Líbano.

Os T-62 apresentam algumas diferenças externas conforme seu ano de produção. O modelo 1972 foi exportado para as nações do oriente médio em grande quantidade, tornando-o bastante comum nos conflitos da área.
A diferença mais chamativa é a presença de um suporte para sua metralhadora na parte de trás da torre à direita. Também nota-se a estocagem de caixas de munição presas na torre à direita da escotilha do comandante do carro.



T-62 destruído pelos israelenses.











 Modelo:



 Foto do suporte anteriormente mencionado. Feito em plástico e metal










O suporte já fixado à torre.





















 Obras consultadas:
Asher, Jerry. The duel for Golan. Pacifica Military History. 1987.
Bishop M. & Stansell P. A. Soviet T-62 main battle tank. Grenadier Publishing. 1990.
Zaloga, Steven. T-62 main battle tank 1965-2005. Osprey Publishing, 2009.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Zimmerit - O problema de todo modelista

Replicar o zimmmerit em carros alemães da 2a guerra em geral é uma dor de cabeça para o modelista. Praticamente nenhum modelo é produzido com o zimmerit. E sua falta faz com que o modelo muitas vezes não seja acurado. Esta postagem tem como objetivo lançar alguma luz sobre este antipático material e rever algumas técnicas para sua confecção.

Base histórica
Quando da invasão da URSS (Operação Barbarossa), os alemães se depararam com novas formas de combate a seus blindados. Entre outras, os russos passaram a usar minas magnéticas que eram fixadas aos cascos antes de sua detonação.

A solução adotada pelos alemães foi a aplicação de uma pasta anti-magnética em seus blindados. Coube a firma Chemische Werke Zimmer AG de Berlim o desenvolvimento do que ficou conhecido como zimmerit, uma pasta composta de sulfato de bário(40%), serragem (10%), sulfato de zinco (10%), PVA (25%) e pigmento (15%), que era aplicada de maneira a formar uma superfície rugosa sobre as placas dos blindados impedindo a fixação das minas magnéticas, conferindo um aspecto bastante característico aos blindados alemães.
O padrão de rugosidade, devido a sua aplicação, variava bastante, sendo alguns padrões bastante característicos de determinados tipos de veículos. Era aplicada em superfícies veticais, no glacis e nas torres, qualquer lugar onde pudesse ser fixada uma mina e secada com lâmpadas o que lhe conferia sua dureza. O processo de aplicação e secagem levava em torno de um dia.
Ao final da guerra sua aplicação havia sido praticamente descontinuadada devido ao desenvolvimento de armas anti-carro mais eficientes tornando-o desnecessário.















Na Foto: A camada  de zimmerit com seu aspecto rugoso claramente visível na frente e lateral da torre de um Tiger II. 
Fonte: Scheibert, Horst. The Tiger family. Schiffer, 1989.


Técnicas.
Existem várias opções para se simular o zimmerit, cada uma com suas vantagens e desvantagens que devem ser levadas em conta no momento da escolha além da habilidade do modelista.

a. Colagem de painéis
Algumas firmas produzem painéis pronto para colagem sobre o modelo, como era o caso da Italeri. É uma técnica rápida porém aumenta bastante a expessura do modelo. Também é necessário o corte dos painéis para ajustá-los a superfície. A replicação de falhas da camada não é muito acurada.

Foto: Um painel de zimmerit da Italeri. A caixa contém painéis para cobrir um Panther.















b. Gravação à quente
Consiste na marcação do plástico do modelo com um estilete quente, gravando diretamente neste o padrão do zimmerit. Novamente este método é prático porém, não é muito fácil consertar erros ou simular danos à camada.

c. Aplicação de massa
Talvez o melhor método de modelagem do zimmerit, é algo mais trabalhoso que os anteriores. Simula com perfeição tanto a camada como seus danos permitindo todo tipo de padrão de rugosidade e ainda permite a correção em caso de erro.
Pode ser usada massa para modelismo (putty), massa acrílica ou massa corrida e em seguida qualquer estilete (uma chave de fenda por exemplo) ou matriz para produzir o padrão desejado.


Obras consultadas
Beevor, Antony. Stalingrado. Rio de Janeiro: Record: 2002.
Culver, Bruce. Panzer colors. Carrollton: Squadron/signal: 1976.
Oehler, Robert. Zimmerit demystified.  Finescale Modeler. mar 2002, 22-29.
Spalding, Donald. Zimmerit. Production and application method, AFV news: jan-abr 1983.

Última atualização: 11/11/2013.

domingo, 5 de junho de 2011

Stuart M3 X M3A1 - diferenças externas

Tenho visto ultimamente alguma confusão entre estes dois modelos do Stuart.
Então aqui estão suas principais diferenças externas:
O M3A1 não possui a cúpula da torre como o M3, sendo colocada uma segunda escotilha de formato aproximadamente triangular. O re-arranjo interno da torre, também obrigou o reposicionamento das "pistol ports".
Embora as primeiras unidades tivessem cascos rebitados, ao longo de sua produção algumas seções do casco passaram a ser soldadas ao invés de rebitadas, principalmente suas laterais.
As metralhadoras do casco começaram a ser retiradas para melhorar o espaço interno.
Outra característica interessante é que o M3A1 podia levar dois tambores de combustível sobre o casco, os quais podiam ser ejetados antes que entrasse em combate. Esta foi uma modificação baseada na observação dos ingleses, primeiros a utilizar o Stuart em combate, de que o carro possuia pouca autonomia.



Foto: Um M3A1 brasileiro com o sistema de alimentação externo com tambores. Note-se o casco rebitado.
Fonte: Coleção de fotos de Ricardo Fann.












Foto: Uma linha de M3 do Brasil em 1943 - Nota-se o casco rebitado em sua lateral, as metralhadoras do casco e a cúpula do comandante do carro. Estes carros inclusive possuem um modelo antigo de torre sextavada típico dos primeiros produzidos e usados pelos ingleses no deserto (apelidados de Honey).

Fonte: Military Modelling vol 32 no.3 mar-abr 2002.







Foto: M3 no Museu Conde de Linhares, o modelo exposto possui a torre sextavada.
Fonte: Coleção do autor.










Foto: Detalhe da torre sextavada do M3 no Museu Conde de Linhares.
Fonte: Coleção do autor.




Foto: M3A1 do antigo 3o BCCL, hoje 29o BIB - ( Batalhão Cidade de Santa Maria).
Nota-se a ausência da cúpula do comandante.

Fonte: Coleção do autor.


Foto: O mesmo carro mostrando detalhes da torre arredondada.

Fonte: Coleção do autor.










Foto: Detalhe das escotilhas triangulares.

Fonte: Coleção do autor

















Foto: Detalhe do local da metralhadora do casco removida.

Fonte: Coleção do autor.









 Foto: Detalhe da lateral do casco, que mostra que o carro era de uma de suas primeiras séries de fabricação, visto ainda ter sua lateral rebitada. Nota-se também a presença de uma roda sólida, fato incomum nos M3A1.

Fonte: Coleção do autor.










MODELOS:

Foto: M3 da Tamiya.
Companhia C, 1o. Batalhão, 13o. Regimento blindado, 1a. Divisão blindada. Exército americano -Tunísia 1942














Obras consultadas

Elis, Chris. The great tanks: New York: Hamlyn, 1975.
Zaloga, S. Stuart U. S. light tank in action: Carrolton: Squadron/Signal, 1979.